Por: Liliane Ravena, estudante de graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão
O
filo Cnidaria é um dos mais intrigantes grupos de animais aquáticos que conhecemos.
Esses animais tem uma característica muito importante que é formar colônias. Em
sua maioria apresentam dois tipos de formas corporais radialmente simétricas
circundadas por tentáculos: polipóide e medusóide, o que pode torná-los sésseis
ou de vida livre, vivendo na região pelágica ou bentônica do mar e alguns são
de água doce. A parede corporal consiste em uma epiderme externa, uma
gastroderme interna e uma substância interposta chamada mesogléia que dá o
aspecto gelatinoso.
Formas corporais dos cnidários. (Ruppert&Barnes,
1996)
Antes
eram conhecidos por celenterados (do grego, koilos,
“cavidade”; enteron, “intestino”) reconhecendo
que o intestino era a única cavidade corporal desse grupo, porém mais tarde foi
constatado de que se tratava de indivíduos diferentes, logo após separaram em
dois grupos: Ctenophora (do grego ktenes,
“pente”; phoros, “portador”) e
Cnidaria (do grego knidos, “urticante”;
do latim aria, sufixo plural). Esse
filo é dividido em 4 classes que distribuem animais como anêmonas do mar,
águas-vivas, hidras, entre tantos outros, inclusive uma classe que está extinta.
Vejamos a seguir a classificação dos animais existentes desse filo:
Classe
|
Anthozoa
|
Cubozoa
|
Hydrozoa
|
Scyphozoa
|
Animal
|
Anêmonas do mar e corais
|
Vespas marinhas
|
Hidras e caravelas
|
Águas-vivas
|
Em
relação à nutrição, são carnívoros e se alimentam do zooplâncton (pequenos
crustáceos, peixes menores ou matéria particulada simples) que na maioria são
levados até a boca pelos tentáculos que agarram a presa através da descarga de
toxinas. Apesar de possuírem o corpo bastante frágil, esses animais muitas
vezes apresentam perigo para os humanos devido à toxicidade desse veneno que se
encontra nos nematocistos. Os nematocistos fazem parte da célula que dá origem
ao nome do filo, o cnidócito. O cnidócito apresenta o nematocisto que armazena
o veneno e o cnidocílio que permanece do lado exterior da célula no corpo do
animal fazendo uma espécie de “gatilho” ao entrar em contato com a presa. Essa
célula é encontrada em todo o corpo do animal, porém mais abundante nos
tentáculos e ao redor da boca.
Representação do nematocisto sendo ativado.
(Ruppert&Barnes, 1996)
O projeto Physalia trabalha com a
caravela-portuguesa, Physalia physalis,
do grupo Hydrozoa e da classe dos sifonóforos. Esse animal é muito encontrado
em mares de águas tropicais, inclusive em nossas praias. O contato de seus
tentáculos em humanos gera envenenamentos que muitas vezes é mais conhecido
como “queimaduras”. Em caso de acidentes, lavar a área atingida com vinagre ou
água salgada do mar, nunca com água doce. Evite pegar o animal com as mãos nuas.
Recorrer a um posto médico o mais rápido possível.
Curiosidades:
Na literatura britânica, os cnidários mereceram até
mesmo uma história no premiado livro do detetive Sherlock Holmes em “The
Adventure of the Lion's Mane”, na série “The Case-Book of Sherlock Holmes” do
brilhante autor Arthur Conan Doyle. Durante a investigação de um misterioso
assassinato, ao se deparar com um exemplar de Cyanea capilata, Sherlock Holmes subitamente desvenda o mistério,
associando as últimas e supostamente enigmáticas palavras proferidas pelo
moribundo, logo antes de morrer, à designação popular da verdadeira culpada, a
medusa lion’s mane, em inglês,
literalmente, juba do leão.
REFERÊNCIAS
BRUSCA,
R. C. BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2007.
RUPPERT,
E. E. BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados. 6ª Ed. São Paulo: Roca, 1996.