domingo, 19 de abril de 2015

Características gerais do Filo Cnidaria

Por: Liliane Ravena, estudante de graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão

     O filo Cnidaria é um dos mais intrigantes grupos de animais aquáticos que conhecemos. Esses animais tem uma característica muito importante que é formar colônias. Em sua maioria apresentam dois tipos de formas corporais radialmente simétricas circundadas por tentáculos: polipóide e medusóide, o que pode torná-los sésseis ou de vida livre, vivendo na região pelágica ou bentônica do mar e alguns são de água doce. A parede corporal consiste em uma epiderme externa, uma gastroderme interna e uma substância interposta chamada mesogléia que dá o aspecto gelatinoso.

Formas corporais dos cnidários. (Ruppert&Barnes, 1996)


     Antes eram conhecidos por celenterados (do grego, koilos, “cavidade”; enteron, “intestino”) reconhecendo que o intestino era a única cavidade corporal desse grupo, porém mais tarde foi constatado de que se tratava de indivíduos diferentes, logo após separaram em dois grupos: Ctenophora (do grego ktenes, “pente”; phoros, “portador”) e Cnidaria (do grego knidos, “urticante”; do latim aria, sufixo plural). Esse filo é dividido em 4 classes que distribuem animais como anêmonas do mar, águas-vivas, hidras, entre tantos outros, inclusive uma classe que está extinta. Vejamos a seguir a classificação dos animais existentes desse filo:
Classe
Anthozoa
Cubozoa
Hydrozoa
Scyphozoa
Animal
Anêmonas do mar e corais
Vespas marinhas
Hidras e caravelas
Águas-vivas

     Em relação à nutrição, são carnívoros e se alimentam do zooplâncton (pequenos crustáceos, peixes menores ou matéria particulada simples) que na maioria são levados até a boca pelos tentáculos que agarram a presa através da descarga de toxinas. Apesar de possuírem o corpo bastante frágil, esses animais muitas vezes apresentam perigo para os humanos devido à toxicidade desse veneno que se encontra nos nematocistos. Os nematocistos fazem parte da célula que dá origem ao nome do filo, o cnidócito. O cnidócito apresenta o nematocisto que armazena o veneno e o cnidocílio que permanece do lado exterior da célula no corpo do animal fazendo uma espécie de “gatilho” ao entrar em contato com a presa. Essa célula é encontrada em todo o corpo do animal, porém mais abundante nos tentáculos e ao redor da boca. 

 
Representação do nematocisto sendo ativado. (Ruppert&Barnes, 1996)

O projeto Physalia trabalha com a caravela-portuguesa, Physalia physalis, do grupo Hydrozoa e da classe dos sifonóforos. Esse animal é muito encontrado em mares de águas tropicais, inclusive em nossas praias. O contato de seus tentáculos em humanos gera envenenamentos que muitas vezes é mais conhecido como “queimaduras”. Em caso de acidentes, lavar a área atingida com vinagre ou água salgada do mar, nunca com água doce. Evite pegar o animal com as mãos nuas. Recorrer a um posto médico o mais rápido possível.

Curiosidades:

Na literatura britânica, os cnidários mereceram até mesmo uma história no premiado livro do detetive Sherlock Holmes em “The Adventure of the Lion's Mane”, na série “The Case-Book of Sherlock Holmes” do brilhante autor Arthur Conan Doyle. Durante a investigação de um misterioso assassinato, ao se deparar com um exemplar de Cyanea capilata, Sherlock Holmes subitamente desvenda o mistério, associando as últimas e supostamente enigmáticas palavras proferidas pelo moribundo, logo antes de morrer, à designação popular da verdadeira culpada, a medusa lion’s mane, em inglês, literalmente, juba do leão.

REFERÊNCIAS

BRUSCA, R. C. BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
RUPPERT, E. E. BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados. 6ª Ed. São Paulo: Roca, 1996.

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